Dois filhos, um casal, era o que queria,
Tinha oito anos, queria um casalzinho.
Quatro filhos, dois casais, era o que queria,
Tinha dez anos, as crianças tinham que ter com quem brincar.
Tinha dez anos, não queria morrer antes de casar,
E ter dois casaizinhos.
Tinha doze anos, queria ser cientista
Queria ser bióloga, casar aos vinte e cinco
Ter um casalzinho, e vê-los crescer.
Então poderia morrer.
Então morreria feliz.
Tinha catorze e queria ter um único namorado,
Ser bióloga e ter um casalzinho.
Mas tinha quinze e já sofria por amor.
Tinha dezessete e não queria filho nenhum,
Marido nenhum, só queria ser bióloga.
Só queria estudar pra sempre.
Talvez viver um dos romances de Austen,
Ser independente como Eyre, amar como Eyre.
Tinha dezenove, e não sabia o que queria.
Talvez nunca soubesse,
Talvez nunca amasse, talvez logo morresse,
Tinha aquela dúvida sobre o futuro, sobre o que queria.
Sobre tudo.
Não sabia nada.
Mas esperava estar bem
Esperava estar feliz em sua ignorância.
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